Copo de 3: El Picón 2006

30 maio 2012

El Picón 2006


O El Picón é o topo de gama do produtor Pago de los Capellanes, situado na Ribera del Duero (Espanha), é daqueles vinhos raros e muito caros, acima dos 100€, a qualidade está muito lá por cima e o prazer que dá nem se fala. Sim este é dos tais que provoca sorrisos nos rostos até daqueles que são menos dados a estas coisas da prova, afinal a excelência quando existe é facilmente detectada por todos. Na sua origem está a parcela de vinha que lhe dá o nome, a mais especial e também a mais pequena com 2ha onde a uva Tinto Fino brilha a seu belo prazer. É 100% Tinto Fino, 26 meses em carvalho francês mais afinação em garrafa com líquido por filtrar, resultantes num dos grandes vinhos da nova geração nascida em solos de Espanha.

Se há coisa que aprecio num vinho por mais modesto que seja, é a definição dos seus aromas e sabores, não me basta um qualquer atabalhoado de coisas que parece terem caído por ali de rompante... nada de açucarados ou soalhos flutuantes, fujo de tudo isso, o que procuro é o que se encontra em vinhos como este, um Full HD. Vinhos onde é a fruta, a bela da fruta que deve ser sempre a principal protagonista, com ou sem madeira, brilha com enorme definição, a frescura e a delicadeza apesar do grande envolvimento, dominam a prova. Madeira essa coisa que muitos insistem em utilizar para tapar buracos é aqui sabiamente manobrada, está mas não está, contribui mas sabe que deve deixar a fruta brilhar... porque a essência de um vinho é a fruta e não a madeira por onde andou. Por momentos fez-me lembrar dois vinhos muito especiais, ambos Touriga Nacional, um nascido no Dão, um Touriga Nacional 2001 da Quinta da Bica que nunca chegou a ver a luz do dia, o outro um Touriga Nacional criado pelo mestre Mariano Garcia lá para os lados de Zamora. Dois vinhos fantásticos com um elo em comum com este aqui agora relatado, a definição de uma fruta fresca e bem madurinha, com todo o restante conjunto em grande harmonia e complexidade, cheios de fibra mas suaves no palato, ao mesmo tempo com raça, profundos mas delicados.

Na senda do El Nogal 2005, este está num degrau acima em tudo, mais complexo e mais profundo, aromas mais definidos, todo ele mais denso e com tudo de superior qualidade, destaca de inicio muita fruta preta do bosque (amora, framboesa) sólida e fresca, depois num toque de graça algum floral perfuma todo o conjunto seguido de especiaria fina (canela), tabaco e algum regaliz em fundo. Tudo ainda a pedir tempo, vinho que se sente fechado, com nervo e garra, gira no copo e vem ao de cima alguma caruma de pinheiro num fundo mineral. Na boca é complexo, sedoso, denso, os sabores vincados com enorme harmonia e frescura, final muito longo e persistente. Tem ainda muita vida pela frente,  podendo beber-se desde já é vinho que vai evoluir nos próximos dez anos sem grande problema. O preço é elevado, paga-se a procura e a exclusividade, nisto o El Nogal tem sem dúvida melhor relação preço/qualidade, quanto ao El Picon é um vinho de excelência que não deixa ninguém indiferente... 95pts

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